domingo, 9 de setembro de 2012
O PARADOXO DA CRUZ E A DEIDADE DE CRISTO POR MELITO DE SARDES
“Aquele que pendurou a terra foi pendurado.
Aquele que fixou os céus no lugar foi fixado no lugar.
Aquele que deitou as bases do universo foi deitado numa árvore.
O Senhor foi profanado.
Deus foi assassinado.”
(Homily on the Passion 96, in Stewark-Sykes, Melito of Sardis, 64.)
Apenas recentemente, fui apresentado a esse texto pelo Ms. Franklin Ferreira durante nosso período intensivo de aulas no Seminário Martin Bucer, onde estamos a cada encontro, experimentando o que em meu entendimento, denomino como a mais salutar síntese entre espiritualidade e ortodoxia oferecida em uma instituição de ensino teológico.
Minha compreensão quanto à dimensão desse pequeno trecho da “Homilia da Paixão” de Melito de Sardes, foi extremamente aguçada pela leitura devocional (Jo 6.53-58) oferecida durante a celebração da emblemática Santa Ceia realizada no decorrer de nosso ultimo dia das atividades no Seminário.
Cristo nos convida a uma comunhão mística de profunda intimidade e cumplicidade em sua obra vicária. O texto bíblico fala com uma força tão irresistível e auto-suficiente, que mesmo sem nenhuma palavra tendo sido proferida além das Sagradas Letras, todos na sala nos vimos envolvidos e plenamente identificados de significado com a transcendência do símbolo e dos elementos oferecidos.
Mas antes que venha a inevitável pergunta: no que tal experiência relaciona-se com a citação em epígrafe? Sou impelido em afirmar: “Nenhuma proposição, por mais bem formulada e ainda que bem adornada pela poética ou retórica é suficiente em revelar os incomensuráveis mistérios intrínsecos as Escrituras e as verdades reveladas em suas páginas”. Mesmo diante da exuberante declaração de Melito quanto ao paradoxo da Cruz e a Deidade de Cristo, confesso que minha compreensão só foi aguçada e alçada à dimensão adequada do texto, quando minha leitura foi “permeada” de significado pelas Escrituras e pelo momento de comunhão no qual estávamos inseridos. A impressão deixada a priori, havia sido completamente “impregnada” de significado e força e só então, me foi possível entender o que aqueles professores estão lutando por nos ensinar e o significado das tão bem proferidas palavras do reformador João Calvino: “Orare e labutare”, ou seja, uma dependência da intervenção do Espírito Santo que vá além da tomada de consciência de tal verdade, mas de uma vívida e imprescindível comunhão com o autor das Escrituras, e do qual provém toda forma de sabedoria, tanto à compreensão do saber acadêmico, quanto das celestiais verdades permeadas por toda as Escrituras.
A dimensão textual foi tomada não apenas de significação literária e teológica, mas capaz de proporcionar comunicação de valor e propriedade a este humilde leitor e assim, interagir com a dimensão narrativa e só então, apropriar-me de toda a relevância cabível a originalidade e profundidade expressa pela obra.
Rogo ao Senhor que propicie a todos os seus servos, “escravos”, a real compreensão e apreensão da verdade envolta na submissão de sua boa, agradável e perfeita vontade. Que reconheçamos que a verdadeira sabedoria reside no temor do Senhor e em nos sujeitar a total dependência de sua operosidade e em termos nossas mentes cativas a iluminação de seu Santo Espírito. Em Cristo.
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