terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Que essa seja a oração de todos os servos fieis do Senhor. Copiado do mural do irmão Fernando Campelo; Mary Warburton Booth: “Ah, quem me dera um coração sensível, Dominado pelo desejo de orar. Ah, quem me dera um espírito despertado, Diariamente cheio do poder divino. Quem me dera um coração como o do Salvador, Que mesmo agonizando intercedeu. Dá-me, Senhor, esse mesmo amor pelos outros. Ah, que haja peso de oração em meu coração. Pai, anseio ter esse fervor, De derramar a alma em oração pelos perdidos... De entregar minha vida para que outros sejam salvos... Orar, seja qual for o preço, Senhor, ensina-me, revela-me esse segredo. Estou ansioso para aprender essa lição. Para ter essa grande paixão pelas almas. Anseio por isso, bendito Jesus. Pai, tenho um forte desejo de aprender contigo essa lição. Que teu Espírito a revele a mim”.

domingo, 5 de maio de 2013

JESUS CRISTO. VERDADEIRAMENTE DEUS E VERDADEIRAMENTE HOMEM

Estudando sobre a pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo, na obra “Teologia Sistemática: uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual” dos professores Franklin Ferreira e Alan Myatt (Seminário Martin Bucer), confesso ter ficado abismado como velhas heresias tem seus similares em nossos tempos e ainda mais como convivemos com estas, como se não fossem nada de mais e tudo em pró do politicamente correto. O meu espanto foi saber que posições “modernas” do evangelicalismo como os pentecostais unidos que adotam conceitos como o modalismo (“... Deus apresentou-se em três modos, mas não existe eternamente como três pessoas) e pastores da prosperidade que afirmam que “... Jesus não veio a terra como Deus, Ele veio como homem.” (Kenneth Copeland), tem sidos consumidos por milhares de cristãos como se tais posições sorrateiras fossem naturais. Vislumbrar tais posições em seitas confessas como o Arianismo (Cristo é apenas uma criatura, não é o Deus eterno) dos Testemunhas de Jeová ou mesmo no Mormonismo é um fato de natureza típica e declarada, na qual só podemos lamentar pelo erro e nos empenhar ao debate evangelístico apresentando o verdadeiro Cristo das Escrituras e rogar pela Graça Salvadora de Nosso Senhor Jesus Cristo. No entanto, temos visto pessoas as quais, se intitulam, cristãos professos conviverem com conceitos errôneos da pessoa de nosso Senhor como os ebionistas, os quais apresentam Jesus como “... um profeta extraordinário, que se identificava com os pobres, mas não era Deus, sendo filho natural de José e Maria.”. Posição está do Unitarismo, Liberalismo e Teologia da Libertação. O contra argumento clássico, se assim pode ser classificado, é de que o importante é o relacionamento com Cristo, sem dúvida o relacionamento pessoal com Senhor Jesus é de extrema relevância, mas a pergunta necessária neste ponto é: com Qual Cristo? Que Cristo é este supostamente professado? Com certeza não é o das Sagradas Letras, mas o da leitura marxista das estruturas sociais, do pobre ou do oprimido. Tal posição é extra bíblica e não possui os seus pressupostos básicos no texto sagrado é sim, fruto de elucubrações pecaminosas, fundamentadas apenas na observação humana de uma sociedade manchada pelo erro e pela negação de Deus. Jesus em Jo 8.24 fala dessa urgência em reconhecê-lo verdadeiramente como ele é, O Deus Vivo, o EU SOU. Tal ignorância conduzirá a morte, então insisto na questão de qual Cristo essas pessoas falam? Em qual Deus dizem ser professas? As consequências são por demais graves para que uma simples e evasiva resposta seja apresentada. Nossa nação tem sido envolta por uma perigosíssima alienação doutrinária, isso tem feito de nossos arraiais, massa de manobra religiosa, um circo hedonista, fundamentado em seus próprios umbigos. Não somos mais íntimos da Palavra, não temos mais prazer no Cristo da Cruz, pois só podemos ter comunhão com o que conhecemos, nossa ignorância nos conduzirá ao exílio e ao inferno. Nossa fé deve estar fundamentada nessa carta de amor escrita com o sangue de nosso próprio Deus, nossas obras devem ser frutos da operosa Graça do Espírito Santo em nossas vidas imputadas em santidade e aplicadas pelo sangue santíssimo de Nosso Senhor Jesus vertido sobre a cruz de vergonha e dor da qual deve nascer nossas elucubrações e pressuposições. Nossa salvação depende dessa fé, as Escrituras nos exortam “a batalhardes, diligentemente, pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” (Judas 3). Não vendamos por um mero prato de lentilhas, algo que nos foi comprado por alto preço. O texto de Dt 6.1-3 exorta-nos quanto a tal urgência e necessidade: “Estes, pois, são os mandamentos, os estatutos e os juízos que mandou o SENHOR, teu Deus, se te ensinassem, para que os cumprisses na terra a que passas para a possuir; 2 para que temas ao SENHOR, teu Deus, e guardes todos os seus estatutos e mandamentos que eu te ordeno, tu, e teu filho, e o filho de teu filho, todos os dias da tua vida; e que teus dias sejam prolongados. 3 Ouve, pois, ó Israel, e atenta em os cumprires, para que bem te suceda, e muito te multipliques na terra que mana leite e mel, como te disse o SENHOR, Deus de teus pais.”. Como obedeceremos tais palavras se não somos íntimos das Escrituras, mas temos sido amigos do erro e do engano, nosso contato com a Palavra tem sido como a de um amuleto contra maus espíritos. Amados, voltemos nossos corações e mentes as Sagradas Letras, pois só nelas encontraremos a vida eterna e só dela provêm a verdadeira e sã doutrina. É necessário e urgente que morramos para o mundo, para que o Cristo das escrituras viva em nós. Lutemos heroicamente em orações, súplicas, confissão de pecados e arrependimento para que todo esse mundanismo e secularismo seja extirpado de nossas amadas igrejas e que possamos experimentar verdadeiramente, um avivamento que faça de nós sal e luz nesse mundo tão tenebroso e insípido. Em Cristo Jesus Nosso Senhor e Salvador, verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem. Amém. Alexsandro Sant’Anna.

domingo, 9 de setembro de 2012

O PARADOXO DA CRUZ E A DEIDADE DE CRISTO POR MELITO DE SARDES


“Aquele que pendurou a terra foi pendurado.
Aquele que fixou os céus no lugar foi fixado no lugar.
Aquele que deitou as bases do universo foi deitado numa árvore.
O Senhor foi profanado.
Deus foi assassinado.”
(Homily on the Passion 96, in Stewark-Sykes, Melito of Sardis, 64.)

Apenas recentemente, fui apresentado a esse texto pelo Ms. Franklin Ferreira durante nosso período intensivo de aulas no Seminário Martin Bucer, onde estamos a cada encontro, experimentando o que em meu entendimento, denomino como a mais salutar síntese entre espiritualidade e ortodoxia oferecida em uma instituição de ensino teológico.
Minha compreensão quanto à dimensão desse pequeno trecho da “Homilia da Paixão” de Melito de Sardes, foi extremamente aguçada pela leitura devocional (Jo 6.53-58) oferecida durante a celebração da emblemática Santa Ceia realizada no decorrer de nosso ultimo dia das atividades no Seminário.
Cristo nos convida a uma comunhão mística de profunda intimidade e cumplicidade em sua obra vicária. O texto bíblico fala com uma força tão irresistível e auto-suficiente, que mesmo sem nenhuma palavra tendo sido proferida além das Sagradas Letras, todos na sala nos vimos envolvidos e plenamente identificados de significado com a transcendência do símbolo e dos elementos oferecidos.
Mas antes que venha a inevitável pergunta: no que tal experiência relaciona-se com a citação em epígrafe? Sou impelido em afirmar: “Nenhuma proposição, por mais bem formulada e ainda que bem adornada pela poética ou retórica é suficiente em revelar os incomensuráveis mistérios intrínsecos as Escrituras e as verdades reveladas em suas páginas”. Mesmo diante da exuberante declaração de Melito quanto ao paradoxo da Cruz e a Deidade de Cristo, confesso que minha compreensão só foi aguçada e alçada à dimensão adequada do texto, quando minha leitura foi “permeada” de significado pelas Escrituras e pelo momento de comunhão no qual estávamos inseridos. A impressão deixada a priori, havia sido completamente “impregnada” de significado e força e só então, me foi possível entender o que aqueles professores estão lutando por nos ensinar e o significado das tão bem proferidas palavras do reformador João Calvino: “Orare e labutare”, ou seja, uma dependência da intervenção do Espírito Santo que vá além da tomada de consciência de tal verdade, mas de uma vívida e imprescindível comunhão com o autor das Escrituras, e do qual provém toda forma de sabedoria, tanto à compreensão do saber acadêmico, quanto das celestiais verdades permeadas por toda as Escrituras.
A dimensão textual foi tomada não apenas de significação literária e teológica, mas capaz de proporcionar comunicação de valor e propriedade a este humilde leitor e assim, interagir com a dimensão narrativa e só então, apropriar-me de toda a relevância cabível a originalidade e profundidade expressa pela obra.
Rogo ao Senhor que propicie a todos os seus servos, “escravos”, a real compreensão e apreensão da verdade envolta na submissão de sua boa, agradável e perfeita vontade. Que reconheçamos que a verdadeira sabedoria reside no temor do Senhor e em nos sujeitar a total dependência de sua operosidade e em termos nossas mentes cativas a iluminação de seu Santo Espírito. Em Cristo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Afinal, o que está errado com a teologia da prosperidade?

"Excelente, atual e imprescindível. Nada mas urgente, que divulgar esta maravilhosa análise realizada pelo Dr. Nicodemus. Espero que ajude a reflexão e conscientização de nossos irmãos. Paz." Postado por Augustus Nicodemus Lopes Apesar de até o presente só ter melhorado a vida dos seus pregadores e fracassado em fazer o mesmo com a vida dos seus seguidores, a teologia da prosperidade continua a influenciar as igrejas evangélicas no Brasil. Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e "testemunhas de Jeová" sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz. • Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele. • Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte. • Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente. • Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta. • Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante. • Ela acerta quando identifica os poderes malignos e demônicos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico. • Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo. • Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco. • Ela acerta quando cita textos da Bíblia que ensinam que Deus recompensa com bênçãos materiais aqueles que o amam, mas erra quando deixa de mostrar aquelas outras passagens que registram o sofrimento, pobreza, dor, prisão e angústia dos servos fiéis de Deus. • Ela acerta quando destaca a importância e o poder da fé, mas erra quando deixa de dizer que o critério final para as respostas positivas de oração não é a fé do homem mas a vontade soberana de Deus. • Ela acerta quando nos encoraja a buscar uma vida melhor, mas erra quando deixa de dizer que a pobreza não é sinal de infidelidade e nem a riqueza é sinal de aprovação da parte de Deus. • Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias, passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde. A teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam. Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia...

A VERDADEIRA EPISTEMOLOGIA ESTÁ NAS ESCRITURAS

“Não me peça para aceitar aquilo que as Escrituras reprovam. Não há argumento capaz de refutar o que o próprio Deus fundamentou e através de seu filho Jesus ratificou. A verdadeira sabedoria é subserviente e origina-se de uma consciência cativa e humilhada pelo esplendor da onisciência do Todo Poderoso Deus. Trago minha vida e consciência, como subjugadas as Sagradas Letras, para que delas e apenas delas, possa alcançar a plenitude do ser e só assim, possuir a mente e o caráter de Cristo Jesus, meu Senhor e Salvador. Amém.” (Alexsandro Sant’Anna)

quinta-feira, 3 de maio de 2012

TRÊS PILARES NO CONCEITO SECULAR DE CULTURA

"Resolvi postar e divulgar este excelente texto do Pr. Gilson Santos, por entender ser este extremamente oportuno e essencial ao nosso contexto. O conceito de cultura precisa ser desmistificado e entendido de maneira séria e analisado também sobre a cosmovisão cristã. Textos como este, nos ajudam a uma reflexão mais séria e ampla da realidade cristã e com o compromisso de nossas verdades e pressupostos. Em Cristo".
A origem da nossa palavra “cultura” encontra-se na língua latina. O radical da palavra é o riquíssimo verbo latino colo, que tem o sentido original de “cultivar”. O vocábulo latino cultus (particípio de colo) tem, portanto, inicialmente o sentido de cultura da terra. O verbo assumiu o sentido de “cuidar de”, “tratar de”, “querer bem”, “ocupar-se de”, “adornar”, “enfeitar”. Depois o sentido de “civilização”, “educação”; e também o sentido de “adorno”, “moda”, “decoração”. Mais recentemente, os alemães tomaram a palavra cultura num sentido mais amplo, para referir-se ao cultivo de hábitos, interesses, língua e vida artística de uma nação. Atualmente, na língua portuguesa talvez não exista nenhuma outra palavra com sentido mais abrangente do que esta palavra. Por cultura se entende muita coisa. Cultura é o campo de estudo da antropologia. Diz respeito à humanidade como um todo e ao mesmo tempo a cada um dos povos, nações, sociedades e grupos humanos. Não pode existir uma sociedade sem cultura. Utilizamos aqui, portanto, uma concepção ampla de cultura, que diz respeito a tudo o que caracteriza uma realidade social, a existência social de um povo ou nação, ou então de grupos no interior de uma sociedade. As conclusões do Congresso de Lausanne sugerem o seguinte conceito: Cultura é um conjunto integrado de crenças, de valores, de costumes, e de instituições que expressam estas crenças, valores e costumes, que unem a sociedade e lhe proporcionam um sentido de identidade, de dignidade, de segurança e de continuidade. O conceito moderno e secular de cultura sustenta-se sobre três pilares:
A IDEIA DE TOTALIDADE No conceito de cultura, a ideia de totalidade está presente, pois cultura diz sempre respeito a processos globais dentro da sociedade. A cultura implica uma certa medida de homogeneidade. Michael Horton, em seu livro O Cristão e a Cultura, salienta esta característica globalizadora no conceito, quando escreve que “embora em cada cultura existam muitas subculturas, existem tendências que marcam um povo”. O antropólogo brasileiro Roberto da Matta diz que não há cultura se não houver uma “tradição viva, conscientemente elaborada que passe de geração para geração”, que permita individualizar ou tornar singular e única uma dada comunidade relativamente às outras (constituídas de pessoas da mesma espécie). É a tradição que dá à coletividade “a consciência do seu estilo de vida.” A cultura une várias gerações durante uma época. O processo mediante o qual as pessoas aprendem o modo de vida da sua sociedade é denominado de enculturação. A cultura é dinâmica e sofre mudanças. A cultura nunca é estática. Quando a mudança é mais rápida do que a capacidade da comunidade adaptar-se a ela, podemos falar corretamente de um “choque cultural. A cultura implica, assim, uma certa medida de homogeneidade. Não obstante, dentro de uma cultura também podem haver subculturas, em que a unidade maior pode ser uma comunidade, um clã, ou uma tribo pequena, etc. Se as variações ultrapassam determinado limite, surge uma contracultura, e este processo pode se tornar muito destrutivo. O termo “contracultura” foi cunhado nos anos sessenta pela imprensa norte-americana. A palavra dizia respeito ao espírito libertário e questionador da racionalidade ocidental. Uma das características básicas do conceito é o fato de se opor, de diferentes maneiras, à cultura vigente e oficializada pelas principais instituições das sociedades do Ocidente. Uma postura, ou até uma posição, de crítica radical em face da cultura convencional. Homens e mulheres precisam de uma existência unificada. Sua participação em uma cultura é um dos fatores que lhes proporciona o sentido de pertencer a algo. A cultura dá um sentido de segurança, de identidade, de dignidade, de ser parte de um todo maior e de partilhar a vida de gerações anteriores e também das expectativas da sociedade com respeito a seu próprio futuro. A IDEIA DE NATURALIDADE A antropologia secular corretamente afirma que cultura é uma realidade humana. Cultura é algo humano em sua origem, e no sentido em que se relaciona com o homem, em sua individualidade e em seus relacionamentos sociais, e com o meio em que vive. Entretanto, a antropologia secular afirma o caráter estritamente natural da cultura. Isto é, o homem é a origem e o objeto exclusivos da cultura. O antropólogo e o sociólogo seculares abordam o estudo da cultura compreendendo o mundo como um sistema fechado, em que todos os fatores da formação cultural, inclusive o religioso, estão contidos dentro do sistema e determinados por ele, de modo que as próprias alegações do conhecimento de âmbitos sobrenaturais ou supraculturais são, elas mesmas, um produto do sistema. Em contraponto, alguns antropólogos cristãos fazem uma consideração do âmbito “supracultural” da realidade na sua interação com os fatores culturais. Por “supracultura” eles se referem aos “fenômenos da crença e do comportamento cultural que têm sua origem fora da cultura humana”. O Pacto de Lausanne asseverou: “Uma vez que o homem é criatura de Deus, parte de sua cultura é rica em beleza e bondade. Pelo fato do homem ter caído, toda a sua cultura (usos e costumes) está manchada pelo pecado e parte dela é de inspiração demoníaca”. Conclui-se que, da perspectiva cristã, a realidade do âmbito dos reinos espirituais é algo que necessita ser considerado em seu estudo da cultura. Segundo os teólogos reunidos em Lausanne, a primeira origem supracultural dos fenômenos na cultura é a divina, e a segunda origem supracultural é a demoníaca. Sob tal entendimento, a Bíblia clama por arrependimento e reforma e a história registra numerosos casos de mudança cultural para melhor. Como seres humanos caídos, nenhuma das culturas é perfeita em verdade, beleza e bondade. No âmago de toda cultura (quer seja esse cerne uma visão “religiosa” ou “secular”) há um elemento de egocentrismo, de auto-adoração do homem. Portanto, a interação entre o conteúdo supracultural e a forma cultural é reputada como importante em qualquer abordagem adequada nas relações entre a Igreja e a Cultura. A cultura nunca é neutra, sob essa ótica. Cada cultura refletiria um conflito. A religião nunca é meramente uma questão humana, mas, sim, um encontro dentro do âmbito supracultural. No centro da cultura há uma cosmovisão, ou seja, uma compreensão geral do caráter do universo e do lugar que se ocupa neste universo. Esta compreensão pode ser “religiosa”, ou pode expressar um conceito “secular” da realidade, como a proposta de sociedade do marxismo materialista. A IDEIA DE NEUTRALIDADE A antropologia secular resiste ao conceito de que os valores culturais possuem mérito e qualidade. Aqui está outro desafio para o cristão diante da antropologia contemporânea. A visão da sociedade secular tende a considerar a cultura, em suas variadas formas de expressão, como moralmente neutra. Grosso modo, não existe o “certo” ou o “errado” quando se trata de cultura. Seria tudo, em rigor, uma questão de usos, costumes e convenções. Assim, isto se conecta com a idéia de relatividade. Logo, tentativas de correções de aspectos culturais são consideradas como um impróprio juízo de valor, e rotuladas de etnocentrismo cultural ou violência cultural. “Todas as religiões têm que abandonar a sua arrogância teológica. Nenhum grupo religioso pode jactar-se de ser superior ao outro em termos de verdade, porque a religião está associada à cultura. E não existe uma cultura superior à outra. Todas são igualmente boas. Todas as tradições religiosas culturais têm os seus valores salvíficos”. Um jornalista escreveu recentemente que alunos brasileiros têm sido ensinados nas escolas a considerarem que “o canibalismo, os sacrifícios humanos ou rituais para tornar os inimigos sexualmente impotentes são expressões religiosas tão respeitáveis quanto a fidelidade judaica e a piedade cristã”. O corolário lógico disto é que, portanto, não há mais necessidade de “conversões”. Essa pressuposição também esvazia o conceito de missões religiosas em terras estrangeiras ou transculturais. Há, portanto, uma tendência de conceituar cultura de maneira que todas as formas comportamentais são aceitas como válidas e até mesmo valiosas. Essa mesma tendência se estende a outras áreas de realizações humanas, como por exemplo, às artes plásticas e à música. Tende-se a acolher tudo o que provêm espontaneamente de um povo, e o fato cultural é reduzido a uma questão de estilo. Daí colocar-se um desafio para os cristãos, visto que estes assumem que existe um padrão aferidor da cultura. Alguém que leu este texto comentou que ele também “levanta a questão da contextualização, que não pode ser evitada pela igreja evangélica à cada geração”. E acrescentou: “Pessoalmente, acho que cada cultura mantém traços da Queda, que se revelam em práticas e costumes e ritos e jeitos de ser. O Evangelho pode se aproveitar da cultura desde que a expurgue destes traços remanescentes da vida de Adão. Esse é o desafio”. Um comentário muito pertinente, segundo me parece.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Katharina Von Bora (Esposa de M. Lutero)

“Segue um dos textos mais belos referente a biografias que pude ler neste ano. Confesso que me comovi ao ponto de ver-me em lágrimas.
Nossas famílias são jóias raríssimas a nós presenteadas pelo Pai, delas derivam nossas forças e conforto.
Amem suas famílias e zelem por benção tão inefável. Que Deus nos ajude. Amém”.

Por James I. Good
Uma das figuras femininas mais importantes da Reforma Protestante do Século XVI foi, sem dúvida, Katharina Von Bora. Não que ela tenha praticado qualquer grande ato heróico, se envolvido pessoalmente em grandes controvérsias ou sido martirizada em virtude da sua fé. No dizer de um de seus biógrafos: “ela não escreveu nenhum livro nem jamais pregou um único sermão, mas seu inestimável auxílio possibilitou que seu marido fizesse tudo isso como poucos na história da igreja.” Estamos falando da Sra. Lutero.
Katharina nasceu em 1499, filha de um nobre alemão que passava por dificuldades financeiras. Aos 3 anos de idade, perdeu sua mãe, e seu pai a levou para estudar na escola do convento Beneditino, onde vivia sua tia Madalena Von Bora. Aos 9 anos, entrou para o convento propriamente dito, tornando-se freira aos 16 anos de idade.
Quando Lutero fixou as suas famosas 95 teses nos portões da Capela de Wittemberg, Katharina estava com 18 anos de idade. Entretanto, ela e outras freiras do convento ouviram falar do ensino bíblico de Lutero, e crendo no que ele pregava, desejaram abandonar a clausura. Escreveram a seus pais, mas eles não tomaram nenhuma atitude no sentido de libertá-las. Decidiram então escrever a Lutero, tendo a carta sido redigida pela própria Katharina. Quando o reformador tomou conhecimento do fato, encorajou um amigo negociante a ajudá-las a escapar. Esse homem, Leonardo Koppe, ia freqüentemente ao convento, levando alimentos e todo tipo de mantimentos para abastecer o mosteiro, e uma noite em 1523, ajudou-as a fugir, transportando as 12 noviças em um barril de peixes! Muitas retornaram às suas famílias. Lutero procurou auxiliar a todas, ajudando-as a encontrar moradias, maridos e empregos. Dois anos após a fuga, todas haviam seguido seu destino, exceto Katharina, que morou por um curto período de tempo na casa do pintor Lucas Cranach, autor de seu famoso retrato.
Em 1524, com a aprovação e recomendação de Lutero, Katharina foi cortejada por um dos alunos de Wittemberg, mas seu pai se opôs ao casamento. Neste mesmo ano, Lutero arrumou-lhe um novo pretendente, o Pastor Glatz, mas ela recusou-se a desposá-lo. Ela costumava dizer: “Só me casarei com o Dr. Lutero ou com alguém muito parecido com ele”. Lutero ria ao ouvir isso, pois apesar de, já àquela altura, condenar o celibato, não tinha intenção de casar-se: “nunca farão com que eu me case!”, afirmou ele. Alguns garantem que ele chegou a interessar-se por outra ex-freira, Ave Von Schonfeld, mas o relacionamento parece não ter prosperado.
Porém, gradualmente, tanto pela convivência, como por insistência dos seus amigos e seu pai, Lutero acabou propondo casamento à Katharina. Eles ficaram noivos em 13 de junho de 1525 e casaram no dia 25 de junho daquele mesmo ano, ou seja, doze dias depois! A decisão parece ter causado surpresa, pois o próprio Melanchton, escrevendo a um amigo, declarou: “Inesperadamente, Lutero desposou Bora sem querer mencionar seus planos ou consultar seus amigos”. Muitos foram contra o casamento, pelos motivos mais variados. Primeiramente porque, àquela altura, ainda não se admitia que os religiosos contraíssem matrimônio: tratava-se de um escândalo! Segundo, pela grande luta que o reformador vinha travando conta Roma: na condição de herege e proscrito, sua vida estava em constante perigo. Outra razão era a diferença de idade: quando casaram, Lutero estava com 42 anos e Katharina com 26! Ela também sofreu difamações pela união com o reformador, mas, felizmente, o casamento ocorreu e eles viveram felizes por cerca de 21 anos, até a morte do reformador. São curiosos alguns escritos de Lutero sobre esse período inicial de sua vida matrimonial. Escrevendo a um amigo ele declarou: “Existem algumas coisas com as quais precisamos nos acostumar no primeiro ano de casamento; o sujeito acorda de manhã e encontra um par de tranças postiças no travesseiro, onde antes não havia nada!” Entretanto, após um ano de casado, escreveu: “Minha Kathe é, em tudo, tão dedicada e encantadora que eu não trocaria minha pobreza pelas maiores riquezas do mundo”. E mais tarde: “Não há na terra um laço tão doce, nem uma separação mais amarga como a que ocorre num bom casamento”. Finalmente, é bem conhecida sua declaração: “Não há relação mais bela, mais amável e mais desejável, nem comunhão e companhia mais agradável do que a de marido e mulher num casamento feliz”.
O príncipe Frederico havia dado de presente a Lutero o prédio do mosteiro agostiniano em Wittemberg, e foi para lá que a família se mudou em 1525. Katharina reformou o mosteiro e o administrou, o que veio a permitir que Lutero gozasse de relativa paz e ordem em sua vida privada. Ela dirigia e administrava as finanças da família, para que ele pudesse dedicar-se às tarefas que essencialmente lhe competiam: escrever, ensinar e pregar. Ela foi uma esposa dedicada e diligente, a quem Lutero freqüentemente se referia como “Kathe, minha patroa (no inglês, my lord)”. Eles tiveram 6 filhos, dos quais 4 sobreviveram até à idade adulta. Além disso, cuidavam de uma parenta de Katharina e, em 1529, com a morte da irmã do reformador, mais 6 crianças – agora órfãs – se juntaram à família. Além dos familiares e de um cachorro de estimação, era comum haver mais de 30 pessoas no mosteiro, entre hóspedes, viajantes em trânsito e estudantes (eles costumavam receber estudantes, que pagavam pelos seus estudos, ajudando assim a equilibrar o orçamento doméstico). Desse modo, sua rotina diária era bastante atarefada: ela tinha uma horta, um orquidário, confeccionava material para pescaria, e acabaram, posteriormente, adquirindo uma pequena fazenda onde criavam gado, galinhas e fabricavam cerveja caseira. Ela também gostava de ler e de bordar. Lutero costumava chamá-la de “a estrela da manhã de Wittemberg”, já que diariamente levantava às 4 horas da madrugada para dar conta de suas muitas responsabilidades. Com muita freqüência, o reformador caía enfermo, e Katharina cuidava dele não simplesmente como esposa, mas quase como enfermeira, devido aos grandes conhecimentos médicos que possuía.
Entretanto, sua vida não era somente dedicada a coisas materiais. Seu marido a encorajava em seus estudos bíblicos devocionais e sempre sugeria algumas passagens particulares para que memorizasse. Quando ele se encontrava deprimido, era a sua vez de ajudá-lo: sentava-se ao seu lado e lia a Bíblia para ele, edificando o seu coração. Conta-se que, certa vez, Lutero estava bastante deprimido. Não se alimentava e passava os dias trancafiado em seu quarto. Estava cheio de dúvidas sobre se o que fazia era ou não da vontade de Deus. Katharina vestiu-se de preto e entrou subitamente no aposento. Lutero tomou grande susto, pensando que alguém tinha morrido. Katharina respondeu: “Ao que parece, Deus morreu!” A reação de Lutero foi imediata: levantou-se e saiu do quarto, agradecendo à esposa por fazê-lo retornar à vida.
Em termos de recreação, Lutero gostava de participar de jogos ao ar livre com a família, e também apreciava os jogos de mesa, como o xadrez, além de jardinagem e música. Ele e Katharina eram pais diligentes, “disciplinando seus filhos, em amor”. Seu lar era famoso pela vitalidade e felicidade ali reinantes. Dessa forma, a família do reformador tornou-se um modelo para as famílias cristãs alemãs por muitos anos. Lutero considerava o casamento como a melhor escola para moldar o caráter e a vida familiar um método excelente e apropriado para treinar e desenvolver as virtudes cristãs da firmeza, paciência, bondade e humildade.
Lutero faleceu em 1546, e Katharina ainda viveu por mais 6 anos. Ela chegou a ver seus filhos atingirem a idade adulta, alcançando posições de influência na sociedade, exceto aqueles que morreram na infância, causando grande sofrimento as pais: sua primeira filha (Elizabeth) que morreu aos 8 meses de idade, e a segunda filha (Madalena) que faleceu aos 13 anos. Para termos uma idéia desses sofrimentos, segue um breve relato. Quando Madalena adoeceu gravemente, Lutero orou: “Senhor, eu amo muito a minha filha, mas seja feita a tua vontade”. Ajoelhando-se junto à cabeceira de sua cama, falou: “Madalena, minha menina, eu sei que você gostaria de permanecer aqui com seu pai, e também sei que gostaria de ir encontrar-se com o seu Pai no céu. Ela, sorrindo, respondeu: “Sim, papai, como Deus quiser”. Finalmente, depois de alguns dias, ela faleceu em seus braços, e no seu sepultamento, Lutero disse chorando: “Minha querida e pequena Lena, como você está feliz! Você ressurgirá e brilhará como o Sol e as estrelas... É uma cosa esquisita – eu saber que ela está feliz e em paz, e ainda assim, me sentir tão triste!”
Quanto aos outros filhos, o mais velho (Hans) estudou Direito e tornou-se conselheiro da corte. O segundo (Martin), estudou Teologia. O terceiro (Paul), tornou-se um médico famoso, e a terceira filha (Margareth) casou-se com um rico prussiano. A título de curiosidade: os descendentes de Lutero que ainda vivem, descendem de sua filha Margareth, dentre eles, o ex-presidente da Alemanha, Paul Von Hindenburg.
No mesmo ano da morte de Lutero (1546), Katharina deixou Wittemberg e fugiu para Dessau, devido à guerra smalkaldiana e, em 1552, viajou para Torgau, fugindo de uma peste que grassara em Wittemberg. Ela morreu em 20 de dezembro de 1552 na cidade de Torgau.
Encerro esse breve relato sobre a vida de Katharina citando o último testemunho do seu esposo. Escrevendo, certa vez, a um amigo, ele disse: “Minha querida Kate me mantém jovem, e em boa forma também... Sem ela, eu ficaria totalmente perdido. Ela aceita de bom grado minhas viagens e quando volto, está sempre me aguardando com alegria. Cuida de mim nas minhas depressões e suporta meus acessos de cólera. Ela me ajuda em meu trabalho, e acima de tudo, ama a Cristo. Depois Dele, ela é o maior presente que Deus já me deu nesta vida. Se algum dia vierem a escrever a historia de tudo o que já tem acontecido (a Reforma), espero que o nome dela apareça junto ao meu. Eu oro por isso...”.
Ao tomar conhecimento dessa declaração, Katharina respondeu: “Tudo o que tenho feito se resume a simplesmente duas coisas: ser esposa e mãe, e tenho certeza que uma das mais felizes de toda a Alemanha!”.
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Texto extraído do livro Grandes Mulheres da Reforma, de James I. Good (editada por Lays Anglada) – Knox Publicações.